quinta-feira, 25 de setembro de 2008

o tempo na janela

Alguns passos até o passado.
Um breve pedido para retaliações.
A sombra que insiste em me alcançar os pés.
É quase um retrato que esqueci de cobrir.
A única lembrança que não me faz confundir.
É.
Eu queria estar com você.
Fazer tudo diferente, falar de coisas sobre nós.
Dos mesmos planos já escritos por você.
Naquele papel que fiz questão de não me importar.
Tanto furor por aquela época me deu asas tortas.
Mas nada faria ser melhor.
Voar era a melodia.
Numa futura poesia.
Troquei tudo.
Sem saber do que viria.
Talvez fosse pra pousar aqui.
E hoje ter palavras pra escrever sobre o que nada foi.
Trocaria eu uma infelicidade por outra?
A obviedade da utopia é o que me faz pensar.
Insisto em querer que não é sentimento.
Penso até que é porque não foi.
Tocar aquele disco todos os dias da minha vida.
Como posso querer, ora Deus!
Aquele mesmo disco que nada vi ou senti quando ouvi.
É o fio da minha vida alimentar estranha confusão.
Pode ser que me fez uma pessoa melhor.
E te quise melhor. Muito melhor!
Todo o ar que respirei e nada cheguei.
Haverá razão no meu choro.
Se existir o riso teu.
É quase certo que resistirei calado.
E se houver sentido, no próximo futuro pensarei duas vezes.
Por que nesse que escolhi, vivi a te procurar.
Você tinha os olhos, o cabelo e o jeito da prosa.
E só Carolina não viu...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

homem duplicado

Passarei do ponto por um dia sequer.
As minhas palavras serão impostas pelos sentimentos.
E nas verdades que refletirei, finco todas as mentiras de todos nós.
O fato é que sempre existem dois eus.
Já vistos em filmes e livros.
Um é sempre aquele que vai comigo em encontro a todos nós.
Que dá bom dia, critica as escolhas e procura se alegrar em agrupamentos.
O outro é só meu.
Que está só comigo.
Na minha singela solidão.
Nunca somos o mesmo.
Ninguém é.
É fruto para um interesse coletivo o fato de sempre nos dividirmos em dois.
Por que não dizemos tudo que pensamos?
Evitamos muitas vezes a alameda da discórdia.
O problema é visto como quem não sabe equilibrar as suas pessoas.
Tachados são de loucos.
E até onde se importar vale razão?
Por que meus pés não seguem uma única direção?
Escolhas dadas aqui podem dizer tanto em poucos corações.
Num pedaço pequeno que seja, quero minhas duas facetas encarnadas de uma vez só.
Posso flutuar então entre estradas invisíveis.
E de contador de histórias, passarei a tradutor de sonhos.