Os olhos agora me puxam para o lado.
Lado dela, de lá o lado.
Do lado de lá.
Os olhos que sempre me empurraram.
Ela sempre reclamava de tudo.
Eu era sempre o esquisito.
Tanta frescura eu via em seus modos.
Meus filmes eram chatos e meus bares tão sujos.
Seus amigos me enjoavam.
Seu batom era vermelho demais.
Talvez eu ainda a visse como uma criança.
A menina que cresceu comigo.
Como o tempo pode tantas coisas?
Uma geniosidade de matar pelo seu lado.
Tantos planos e sonhos diferentes do seu pro canto de cá.
Um trabalho parece que feito por pinça de tão detalhado.
E aqui me encontro sem entender o porquê de tanta mudança.
Até seu quarto me tirava do sério.
Arteira vida.
Que peça pregada para participarmos.
Agora já não vejo a solidão.
E tudo que era parecido comigo...
É em vão.
Logo em nós foi acontecer.
Descobrimos quase tudo juntos desde então.
Nossos moldes improváveis.
Na precisão de um encaixe.
É dessas coisas que dizem dos livros e filmes.
E nunca acreditei.
Desperdiçamos tanto, tanto por aí.
A juventude consumida serviu pra cair aqui.
Eu te via todos os dias.
Rotineira chegava.
Ia embora.
E tempos atrás, chamaria de bobagem.
Risos sem calafrios.
Hoje, calafrios que me fazem rir.
Não sei nem se foi no tempo ou contratempo.
Só sei que quero um lar, uma janela e um violão.
Uma cama para dormir com você todos os dias.
Passar horas dizendo do que foi.
E comemorando não ter sido de outro jeito.
Pra começar tudo de novo amanhã.
Por incrível que pareça, do seu lado se escreve felicidade.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)