No meu sonho eu acordava do seu lado num domingo de manhã e sabia naquele instante que não tínhamos hora para nos desenrolarmos do cobertor. Depois, tomávamos café na padaria, eu lia o jornal e você aquela sua revista de moda. No meu sonho eu ouvia você falar vagarosamente sobre o trabalho e dizia detalhadamente de pessoas que eu não conhecia, e de certo nem iria conhecer, como se fossem meus velhos camaradas. Você se atentava ao meu olhar entre um e outro gole de café , sem nada para dizer, e apenas sorria antes de retornar sua concentração para as colunas de tendências.
No meu sonho a sua mão se perdia em cafuné pelos meus caracóis, dentro do carro, no caminho para a nossa casa. Eu deitava na rede e via você cuidar das plantas, escolher os vinis que nos embalariam e dobrava, coberta do seu jeito perfeccionista e metódico, as roupas amarrotadas em cima da cama. Sem menos nem mais, você desistia da arrumação, me jogava sobre toda a bagunça, me beijava e me abraçava como nunca tinha feito antes com outra pessoa. Ah, e perguntava se eu queria ver um DVD quando anoitecesse.
No meu sonho eu tomava cerveja com você no meio da noite e debruçava na janela para ver a lua e escutar você me contando as suas histórias de outros tempos. Você falava do futuro e eu sonhava com a minha imagem nele, mesmo sabendo de antemão que eu provavelmente não estaria lá. No meu sonho você relevava a improbabilidade da nossa jornada e falava do sobrado que teríamos longe do centro. Você o descrevia detalhadamente, com as flores do jardim que construíriamos, e dizia os nomes dos gatos e cachorros que adotaríamos. Fazia tudo isso enquanto passava suas unhas nas minhas costas e me beijava com delicadeza o rosto.
No meu sonho você não perdia de vista a música da sua vida, e me jurava ter entendido que a felicidade não seria um simples destino, mas certamente a viagem. Assim sendo, seríamos felizes pelos tantos domingos na cama e pelos sonhos que compartilhávamos enquanto nos perdíamos com a lua. Você acreditava não me dever nada, porque simplesmente os amores mais puros não entendem ofensas, sequer mágoas, dívidas e, impreterivelmente, arrependimento. Pois bem, que não se arrependeria. De nós.
De tudo que fomos e vivemos. No meu sonho você me sustentava na memória, muito mais do que no porta-retrato. Você terminava tudo isso com a impressão de ter me saboreado por inteiro, porém como quem pede licença da mesa antes do sorvete de morango, pois eu sei que é o seu preferido: com a sensação que poderia ter se aproveitado um bocado a mais. No meu sonho, até o último capítulo da sua vida, você espalhava graciosamente a nossa história, para alguns ouvintes, como se ela fosse de fato as mais incríveis linhas escritas de amor da sua existência. E que uma parte de você acreditava veemente que essa sim tinha sido a mais bela fábula de amor da sua vida. No meu sonho você nunca deixava de pensar em mim quando ia ao bar de azulejos verdes, escutava Oswaldo Montenegro ou lia Eduardo Galeano. Por fim, no meu sonho, eu desejava que você nunca deixasse de sorrir à toa. Até mesmo quando eu não estivesse mais por perto.
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Fome
"Dão-nos nomes,
dão-nos números,
dão-lhes inúmeros,
mas nós não queremos o que já temos,
pois temos fomes
e elas têm nomes,
têm sede,
têm pressa,
têm crenças,
têm saudades,
têm vontade de cair
numa imensa rede
e dormir
e de ficar
e de dizer adeus..."
E elas vão rudes
numa saudável doença,
em inúmeras verdades,
num não sei quê que alucina,
apostando no azar,
vendo para crer,
crendo para ver,
e elas vão nessa
solidão sem nome,
buscando abraços,
baladas sem passos,
religiões sem Deus,
relações sem par,
fast sem food,
amor sem rosto,
governar deposto,
estar sem se dar.
São tantos nomes que já esquecemos,
pois não conhecemos dentro delas,
isso, elas...
medo elas têm sem querer
e muito mais fome
e muitos mais nomes
e neles o desgosto gostoso,
a distração sem um compromisso sequer,
o controle sem canal,
o imediatismo posto frente ao terrível vazio,
ao pranto da busca pelo alívio sem solução,
uma satisfação com fome,
nem sim nem não,
um casamento com separação total,
um cobertor com tanto frio,
uma religião com chantagem,
uma imagem com nome,
um nome com imagem,
sempre uma alternativa pra uma coisa qualquer.
dão-nos números,
dão-lhes inúmeros,
mas nós não queremos o que já temos,
pois temos fomes
e elas têm nomes,
têm sede,
têm pressa,
têm crenças,
têm saudades,
têm vontade de cair
numa imensa rede
e dormir
e de ficar
e de dizer adeus..."
E elas vão rudes
numa saudável doença,
em inúmeras verdades,
num não sei quê que alucina,
apostando no azar,
vendo para crer,
crendo para ver,
e elas vão nessa
solidão sem nome,
buscando abraços,
baladas sem passos,
religiões sem Deus,
relações sem par,
fast sem food,
amor sem rosto,
governar deposto,
estar sem se dar.
São tantos nomes que já esquecemos,
pois não conhecemos dentro delas,
isso, elas...
medo elas têm sem querer
e muito mais fome
e muitos mais nomes
e neles o desgosto gostoso,
a distração sem um compromisso sequer,
o controle sem canal,
o imediatismo posto frente ao terrível vazio,
ao pranto da busca pelo alívio sem solução,
uma satisfação com fome,
nem sim nem não,
um casamento com separação total,
um cobertor com tanto frio,
uma religião com chantagem,
uma imagem com nome,
um nome com imagem,
sempre uma alternativa pra uma coisa qualquer.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Você lá
Para mim o que é saudade?
Suas palavras ecoando,
Dando voltas na minha cabeça...
Fome,
Fome enorme do seu amor,
Da sua presença,
Do ímã do seu olhar.
Saudade imensa,
Silêncio.
Seu nome.
É simplesmente quando
Há vontade de estar
Ouvindo sua voz ou não,
Estando somente
No tempo da emoção: Presente.
É você lá
E não aqui,
É saber e sentir,
Suspirar então
Com felicidade
E tanta dor
Por entender que o melhor
Que era já não é
E voltará a ser.
É me maltratar,
Mendigando seu beijo
Na memória existente.
É o simples desejo
De ser feliz à beça,
É ter pressa
Para me estacionar
Na vaga do seu coração,
No espaço imenso
Do seu abraço apertado...
É grudar nossas mãos,
Sorrindo ao seu lado
Sem estar,
É querer.
Saudade é saudade,
É raciocinar até...
É você lá,
É você.
Suas palavras ecoando,
Dando voltas na minha cabeça...
Fome,
Fome enorme do seu amor,
Da sua presença,
Do ímã do seu olhar.
Saudade imensa,
Silêncio.
Seu nome.
É simplesmente quando
Há vontade de estar
Ouvindo sua voz ou não,
Estando somente
No tempo da emoção: Presente.
É você lá
E não aqui,
É saber e sentir,
Suspirar então
Com felicidade
E tanta dor
Por entender que o melhor
Que era já não é
E voltará a ser.
É me maltratar,
Mendigando seu beijo
Na memória existente.
É o simples desejo
De ser feliz à beça,
É ter pressa
Para me estacionar
Na vaga do seu coração,
No espaço imenso
Do seu abraço apertado...
É grudar nossas mãos,
Sorrindo ao seu lado
Sem estar,
É querer.
Saudade é saudade,
É raciocinar até...
É você lá,
É você.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
salvo engano
Eu sei que não amo. Que não daria certo e brigaríamos até pelo sabonete.
Saiba que não fui eu que sumi com ele da última vez.
Mas até aí, como diz todo aquele que guarda o orgulho do fim, digo que são mesmo águas passadas
Como estou?
Perco meu tempo vendo cor nas moças tão sem graça. Sem sua graça.
Mas te digo que faço mais sucesso que Alain Delon.
São tantas travessas, cruzamentos e desencontros. Um buraco sem fim.
Te falo com gosto que vivo experimentando o mundo.
Sua tatuagem está salva em meus documentos.
E copio e colo ela todos os dias nos meus pensamentos.
Confesso pra você que eu gostava mais das suas costas lisas.
Foi pior assim. Eu ando tão perdido desde então.
Na minha confissão apalavrada, solto em alta voz que a felicidade me abraçou.
Você me olhar incrédula não me traz nem a comoção das suas revistas de romance de segunda linha.
Eu tenho motivos mil para continuar nessa vida só.
Eram seus olhos dissimulados, sua dança de cigana e sua voz oblíqua.
O sorriso de Holly, a sedução de Lorelei , a condição de Séverine.
Guardo a sensação eterna de tudo isso estar sempre do outro lado da rua.
Pois é. O acaso me traiu. Fingiu. Me engoliu.
Desde então, necessito de mentiras para acordar todos os dias.
Para te dizer que esqueci.
Mesmo sendo meu único amor.
Saiba que não fui eu que sumi com ele da última vez.
Mas até aí, como diz todo aquele que guarda o orgulho do fim, digo que são mesmo águas passadas
Como estou?
Perco meu tempo vendo cor nas moças tão sem graça. Sem sua graça.
Mas te digo que faço mais sucesso que Alain Delon.
São tantas travessas, cruzamentos e desencontros. Um buraco sem fim.
Te falo com gosto que vivo experimentando o mundo.
Sua tatuagem está salva em meus documentos.
E copio e colo ela todos os dias nos meus pensamentos.
Confesso pra você que eu gostava mais das suas costas lisas.
Foi pior assim. Eu ando tão perdido desde então.
Na minha confissão apalavrada, solto em alta voz que a felicidade me abraçou.
Você me olhar incrédula não me traz nem a comoção das suas revistas de romance de segunda linha.
Eu tenho motivos mil para continuar nessa vida só.
Eram seus olhos dissimulados, sua dança de cigana e sua voz oblíqua.
O sorriso de Holly, a sedução de Lorelei , a condição de Séverine.
Guardo a sensação eterna de tudo isso estar sempre do outro lado da rua.
Pois é. O acaso me traiu. Fingiu. Me engoliu.
Desde então, necessito de mentiras para acordar todos os dias.
Para te dizer que esqueci.
Mesmo sendo meu único amor.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Espinha
Espinha,
Inspiração,
Frio.
Gota solta,
Minha
Emoção,
Um rio.
Gota não há,
Só comparação.
Eu sozinha,
Envolta
Em revolta não,
Em suspirar
Aumentando então.
Sem o ser vazio,
Só preenchimento,
Deliciosos tormentos,
Entorpecentes momentos
Crescentes no meu coração.
Pendente palpitar,
Batendo no chão
Gota e mais gota,
Diminui e aumenta,
Descobre e inventa,
Marota
Menina,
Eu lenta,
Inocente ele alucina
De repente tenta
E veloz se inclina,
Incontrolável pulsar,
Latente rota
À contemplação.
Mira meu olhar,
Adivinha,
Sina ou não
E me ensina,
Livremente há,
Espontaneamente há.
Eu a mim mirando
Supondo em vão
E não...
E entendo
De quando em quando
E o descobrindo lá
Bem aqui me sento
E espero sem esperar,
Beliscando o momento,
Com ele sonhando,
Em leve ilusão...
Amor na paixão,
Clichê minguando,
Verdades vendo,
Sem remendos...
Espinha,
Frio,
Inspiração.
Inspiração,
Frio.
Gota solta,
Minha
Emoção,
Um rio.
Gota não há,
Só comparação.
Eu sozinha,
Envolta
Em revolta não,
Em suspirar
Aumentando então.
Sem o ser vazio,
Só preenchimento,
Deliciosos tormentos,
Entorpecentes momentos
Crescentes no meu coração.
Pendente palpitar,
Batendo no chão
Gota e mais gota,
Diminui e aumenta,
Descobre e inventa,
Marota
Menina,
Eu lenta,
Inocente ele alucina
De repente tenta
E veloz se inclina,
Incontrolável pulsar,
Latente rota
À contemplação.
Mira meu olhar,
Adivinha,
Sina ou não
E me ensina,
Livremente há,
Espontaneamente há.
Eu a mim mirando
Supondo em vão
E não...
E entendo
De quando em quando
E o descobrindo lá
Bem aqui me sento
E espero sem esperar,
Beliscando o momento,
Com ele sonhando,
Em leve ilusão...
Amor na paixão,
Clichê minguando,
Verdades vendo,
Sem remendos...
Espinha,
Frio,
Inspiração.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
sorte ou azar
Ontem eu sonhei contigo, amor.
Tal qual Chico.
Mas tal sonho foi dionisíaco.
Em meio às suas costas, eu procurava as respostas.
Meu corpo se enchia do céu.
Suas pernas num labirinto.
Achava seu fim.
Abrasada a noite.
Passei minha ponte, seus toques me faziam um poeta.
Sua graça, tirava meu sério.
E tua voz dizia coisas.
Coisa que minha valente vida se desarmou.
Fatal saber que era um bem-me-quer. Entre dous.
Normal era saber que eu podia ser feliz.
Chamava até aquele lugar de nossa cama.
Caí da cama, sorri para o espelho.
Segui meus passos.
Hoje eu sonhei contigo, dor.
Minhas momices sem par estavam a mil.
Incontáveis cigarros. Isqueiro amarelo.
Doses e doses.
Desora para estar aqui.
Foi a sádica conversa das seis da tarde.
Incrédulo.
Seus olhos tinham outro par.
Sua conversa, diverso sotaque.
Teu coração, outro lugar.
Refuguei. Não lutei.
Minha covarde vida se manifestou.
Valia a discórdia? Uma crise de nervos?
É só pensar que não deu.
Ter peito de pedra pra seguir adiante.
Caí do cavalo, chorei para o cinzeiro.
E não pude acordar.
Tal qual Chico.
Mas tal sonho foi dionisíaco.
Em meio às suas costas, eu procurava as respostas.
Meu corpo se enchia do céu.
Suas pernas num labirinto.
Achava seu fim.
Abrasada a noite.
Passei minha ponte, seus toques me faziam um poeta.
Sua graça, tirava meu sério.
E tua voz dizia coisas.
Coisa que minha valente vida se desarmou.
Fatal saber que era um bem-me-quer. Entre dous.
Normal era saber que eu podia ser feliz.
Chamava até aquele lugar de nossa cama.
Caí da cama, sorri para o espelho.
Segui meus passos.
Hoje eu sonhei contigo, dor.
Minhas momices sem par estavam a mil.
Incontáveis cigarros. Isqueiro amarelo.
Doses e doses.
Desora para estar aqui.
Foi a sádica conversa das seis da tarde.
Incrédulo.
Seus olhos tinham outro par.
Sua conversa, diverso sotaque.
Teu coração, outro lugar.
Refuguei. Não lutei.
Minha covarde vida se manifestou.
Valia a discórdia? Uma crise de nervos?
É só pensar que não deu.
Ter peito de pedra pra seguir adiante.
Caí do cavalo, chorei para o cinzeiro.
E não pude acordar.
segunda-feira, 30 de março de 2009
ilhado
E pensar que estávamos no mesmo lugar.
Víamos a mesma coisa.
E até aproveitamos juntos.
Dividimos aquele momento.
Mesmo distantes.
Me deixa melhor saber que era perto, bem perto.
Fico calado, pensando.
Tanta demora em perceber.
Que essa será a ordem da vida.
Sempre ao redor.
Dois desconhecidos na mesma rua.
Ou num show.
É assim que deve ser.
Distantes.
Separados pelos carros que passam.
Por uma rua.
Que se fosse a China, mesma coisa.
Gosto da sensação.
Falo com meus sentimentos.
Pode ser que somos amantes.
Vivendo em mundos distantes.
Fizemos nossas escolhas.
Nossa partilha.
Cada qual no seu recolher.
Para cada passo fazer sentido num futuro.
Naquela hora, voltamos ao marco zero.
Por uma música.
Ninguém mesmo há de entender.
Nem ao menos nós.
Não se explica.
Não se vive.
Nem acontece.
Apenas não deixa de existir.
Víamos a mesma coisa.
E até aproveitamos juntos.
Dividimos aquele momento.
Mesmo distantes.
Me deixa melhor saber que era perto, bem perto.
Fico calado, pensando.
Tanta demora em perceber.
Que essa será a ordem da vida.
Sempre ao redor.
Dois desconhecidos na mesma rua.
Ou num show.
É assim que deve ser.
Distantes.
Separados pelos carros que passam.
Por uma rua.
Que se fosse a China, mesma coisa.
Gosto da sensação.
Falo com meus sentimentos.
Pode ser que somos amantes.
Vivendo em mundos distantes.
Fizemos nossas escolhas.
Nossa partilha.
Cada qual no seu recolher.
Para cada passo fazer sentido num futuro.
Naquela hora, voltamos ao marco zero.
Por uma música.
Ninguém mesmo há de entender.
Nem ao menos nós.
Não se explica.
Não se vive.
Nem acontece.
Apenas não deixa de existir.
segunda-feira, 2 de março de 2009
falso amor
Nos pregam sobre o amor.
Dizem que a garota mais bonita da escola se apaixonará por nós se amarmos ela de verdade.
No fundo, quer dizer, no último dia de aula ela vai largar o namorado bonitão e ficar com você que sempre esteve do lado dela.
Na adolescência, se escrevermos bilhetes anônimos para a garota que amamos, certamente num dia, como se fosse mágica, ela, cheia de amor para dar, descobrirá que os bilhetes eram seus e aquele menino que sempre quis atrapalhar tudo será desmascarado.
Talvez encontre o amor da sua vida naquele bar, olhando para você e dando risada para as amigas. Terão uma noite intensa de sexo, ela sumirá, você irá atrás, ela não dará bola, você viajará e quando voltar, alguns anos depois, encontrará ela no mesmo bar, sozinha, dizendo que estava pensando em você naquele exato momento. Pode mudar a versão para o cinema, praia, etc...
No show da sua banda favorita, de repente, o vocalista diz que tem um recado muito importante para passar. Começa a tocar a sua música favorita e, no meio dela, uma garota te cutuca pelas costas. Você vira, ela te beija e aquela paixão de tanto sofrer nunca mais saberá o que é tristeza.
Num dia, você resolverá casar com uma mulher bacana, bonita, inteligente, interessante, mas que falta aquele "q" de paixão que tanto nos fazem acreditar que existe.
No altar, na marca do pênalti, seu eterno amor entrará correndo na igreja, tomará o microfone da mão do padre, causará um carnaval imenso e sairá da cerimônia carregada no colo pelo noivo, que no caso, é você.
Falando sério, quem acredita mesmo nessas coisas?
Vai, pensa aí na explicação de tanta infelicidade amorosa!
Quando começar a desacreditar, ali estarão Glória Pires na TV e o Robertão no rádio para te convencer do contrário.
Dizem que a garota mais bonita da escola se apaixonará por nós se amarmos ela de verdade.
No fundo, quer dizer, no último dia de aula ela vai largar o namorado bonitão e ficar com você que sempre esteve do lado dela.
Na adolescência, se escrevermos bilhetes anônimos para a garota que amamos, certamente num dia, como se fosse mágica, ela, cheia de amor para dar, descobrirá que os bilhetes eram seus e aquele menino que sempre quis atrapalhar tudo será desmascarado.
Talvez encontre o amor da sua vida naquele bar, olhando para você e dando risada para as amigas. Terão uma noite intensa de sexo, ela sumirá, você irá atrás, ela não dará bola, você viajará e quando voltar, alguns anos depois, encontrará ela no mesmo bar, sozinha, dizendo que estava pensando em você naquele exato momento. Pode mudar a versão para o cinema, praia, etc...
No show da sua banda favorita, de repente, o vocalista diz que tem um recado muito importante para passar. Começa a tocar a sua música favorita e, no meio dela, uma garota te cutuca pelas costas. Você vira, ela te beija e aquela paixão de tanto sofrer nunca mais saberá o que é tristeza.
Num dia, você resolverá casar com uma mulher bacana, bonita, inteligente, interessante, mas que falta aquele "q" de paixão que tanto nos fazem acreditar que existe.
No altar, na marca do pênalti, seu eterno amor entrará correndo na igreja, tomará o microfone da mão do padre, causará um carnaval imenso e sairá da cerimônia carregada no colo pelo noivo, que no caso, é você.
Falando sério, quem acredita mesmo nessas coisas?
Vai, pensa aí na explicação de tanta infelicidade amorosa!
Quando começar a desacreditar, ali estarão Glória Pires na TV e o Robertão no rádio para te convencer do contrário.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
e a vida se fez
Os olhos agora me puxam para o lado.
Lado dela, de lá o lado.
Do lado de lá.
Os olhos que sempre me empurraram.
Ela sempre reclamava de tudo.
Eu era sempre o esquisito.
Tanta frescura eu via em seus modos.
Meus filmes eram chatos e meus bares tão sujos.
Seus amigos me enjoavam.
Seu batom era vermelho demais.
Talvez eu ainda a visse como uma criança.
A menina que cresceu comigo.
Como o tempo pode tantas coisas?
Uma geniosidade de matar pelo seu lado.
Tantos planos e sonhos diferentes do seu pro canto de cá.
Um trabalho parece que feito por pinça de tão detalhado.
E aqui me encontro sem entender o porquê de tanta mudança.
Até seu quarto me tirava do sério.
Arteira vida.
Que peça pregada para participarmos.
Agora já não vejo a solidão.
E tudo que era parecido comigo...
É em vão.
Logo em nós foi acontecer.
Descobrimos quase tudo juntos desde então.
Nossos moldes improváveis.
Na precisão de um encaixe.
É dessas coisas que dizem dos livros e filmes.
E nunca acreditei.
Desperdiçamos tanto, tanto por aí.
A juventude consumida serviu pra cair aqui.
Eu te via todos os dias.
Rotineira chegava.
Ia embora.
E tempos atrás, chamaria de bobagem.
Risos sem calafrios.
Hoje, calafrios que me fazem rir.
Não sei nem se foi no tempo ou contratempo.
Só sei que quero um lar, uma janela e um violão.
Uma cama para dormir com você todos os dias.
Passar horas dizendo do que foi.
E comemorando não ter sido de outro jeito.
Pra começar tudo de novo amanhã.
Por incrível que pareça, do seu lado se escreve felicidade.
Lado dela, de lá o lado.
Do lado de lá.
Os olhos que sempre me empurraram.
Ela sempre reclamava de tudo.
Eu era sempre o esquisito.
Tanta frescura eu via em seus modos.
Meus filmes eram chatos e meus bares tão sujos.
Seus amigos me enjoavam.
Seu batom era vermelho demais.
Talvez eu ainda a visse como uma criança.
A menina que cresceu comigo.
Como o tempo pode tantas coisas?
Uma geniosidade de matar pelo seu lado.
Tantos planos e sonhos diferentes do seu pro canto de cá.
Um trabalho parece que feito por pinça de tão detalhado.
E aqui me encontro sem entender o porquê de tanta mudança.
Até seu quarto me tirava do sério.
Arteira vida.
Que peça pregada para participarmos.
Agora já não vejo a solidão.
E tudo que era parecido comigo...
É em vão.
Logo em nós foi acontecer.
Descobrimos quase tudo juntos desde então.
Nossos moldes improváveis.
Na precisão de um encaixe.
É dessas coisas que dizem dos livros e filmes.
E nunca acreditei.
Desperdiçamos tanto, tanto por aí.
A juventude consumida serviu pra cair aqui.
Eu te via todos os dias.
Rotineira chegava.
Ia embora.
E tempos atrás, chamaria de bobagem.
Risos sem calafrios.
Hoje, calafrios que me fazem rir.
Não sei nem se foi no tempo ou contratempo.
Só sei que quero um lar, uma janela e um violão.
Uma cama para dormir com você todos os dias.
Passar horas dizendo do que foi.
E comemorando não ter sido de outro jeito.
Pra começar tudo de novo amanhã.
Por incrível que pareça, do seu lado se escreve felicidade.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
nó
No improvável, a graciosiadade.
Pra me perder no óbvio.
A vida é mesmo engraçada.
Percebo simples assim.
Que a minha é cada vez mais de sonhar.
Dela esperarei de tudo.De tudo um pouco.
Tenho fumado meus cigarros pela metade quando penso em você.
Já te disse que seu rosto me parecia familiar?
Talvez seja nos rostos que vi na espera pelas suas noites livres.
Não pequei por observação.
Vá lá, por compreensão.
Hoje sinto riso e dor.
Ressoa sem cessar nos meus ouvidos.
A questão do porquê de você vir e ir.
Criatura que pisa na areia.
Sabendo que vem o mar para apagar.
E eu, aqui areia?
Onde mudei vírgula na sua existência?
Aqui foi vendaval.
Perdi o rumo dos pés.
O caminho tão comum agora é um labirinto de intenções.
E nelas, nada de certezas.
Reguei uma coleção de porres.
Calei cada instante de felicidade por te trazer á memória.
Era evidente. Iminente.
Se puder, finja que foi algo.
Das poucas coisas que ainda não sinto, rancor.
Como num grande jogo, as fichas estão se esgotando.
Em abismo adiante, fica aqui promessa de hesitar.
Infeliz de haver um amanhã.
Onde tudo pode mudar.
Feliz de pensar que foi ontem.
Mesmo que haja faca em meu nó.
Pra me perder no óbvio.
A vida é mesmo engraçada.
Percebo simples assim.
Que a minha é cada vez mais de sonhar.
Dela esperarei de tudo.De tudo um pouco.
Tenho fumado meus cigarros pela metade quando penso em você.
Já te disse que seu rosto me parecia familiar?
Talvez seja nos rostos que vi na espera pelas suas noites livres.
Não pequei por observação.
Vá lá, por compreensão.
Hoje sinto riso e dor.
Ressoa sem cessar nos meus ouvidos.
A questão do porquê de você vir e ir.
Criatura que pisa na areia.
Sabendo que vem o mar para apagar.
E eu, aqui areia?
Onde mudei vírgula na sua existência?
Aqui foi vendaval.
Perdi o rumo dos pés.
O caminho tão comum agora é um labirinto de intenções.
E nelas, nada de certezas.
Reguei uma coleção de porres.
Calei cada instante de felicidade por te trazer á memória.
Era evidente. Iminente.
Se puder, finja que foi algo.
Das poucas coisas que ainda não sinto, rancor.
Como num grande jogo, as fichas estão se esgotando.
Em abismo adiante, fica aqui promessa de hesitar.
Infeliz de haver um amanhã.
Onde tudo pode mudar.
Feliz de pensar que foi ontem.
Mesmo que haja faca em meu nó.
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