quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Fevereiro

Tá chovendo pra cacete ultimante. Chuvas descomunais. Que duram cinco minutos, o tempo de fumar um cigarro. A famosa tromba d'água. Aliás, porque uma chuva forte se chama tromba d'água? Isso me lembrou os piores momentos das nossas vidas. Como dentro da tromba d'água. Vc não quer nem abrir os olhos e fecha os ouvidos por causa dos trovões. E logo você mal lembra que ela veio.
Mas para você é o extremo.
O fim do mundo.
A rua da amargura.
O fundo do poço.
Aquele assalto que vc tem certeza que o Rocky cairá com o próximo gancho.
Mesmo como únicos(?!) seres racionais, caímos no conto da tristeza eterna numa mínima fração da vida. O conto do coração vigário. Conotação exagerada se faz muito presente na adversidade. Fazemos disso um momento quase mórbido. Tem gente que até chama de curtir a fossa. Escutamos radiohead e nos achamos tristes de verdade. Quando o assunto é amor então, aí a casa cai. Vale até música goiana. Mas só até o próximo perfume aparecer.
Sempre aquele momento é o pior do mundo. E ainda achamos que nunca alguém passou por aquilo. Só o Rocky.
Nossa vida tem o sério costume de valorizar a dor.
Ou a dor valoriza a vida?
Só sei que chove pra cacete. E pára em cinco minutos.
E parece ser belo perto dos londrinos. Lá chove sem parar.

Um comentário:

Raquel Toledo disse...

Tá ótimo! A metáfora é boa... e a abordagem criativa e inteligente. Como sempre, né? (L)