Se acontecesse, seria mentira. Se não fosse, diria que era. Híbridas sensações ao primeiro instante. Curiosidade atrealada ao conhecimento que outrora fora de um doutor, mas que agora não passa a de um mero leitor de primeira viagem. A boataria tinha se espalhado. Tantos nomes e histórias dignas de Cristõvão Colombo. Impressões e julgamentos dos espectadores, pois assim chamávamos aqueles que nos observavam como maricotas nas janelas.
A música não tocava mais, talvez por isso eu mal lembrasse das palavras. Meu receio se encontrava em estado de coma, embora a minha existência negasse por si mesma que ele existisse. Não era preciso conjecturar muito para notar que a ausência tinha se tornado indiferente. Com destreza e involuntariamente me equilibrava no fio que dividia o passado do futuro. O presente não existia. O suor das mãos. Hesitei. Só podia ser assombração. Não eram as mesmas cores, participantes, nem ao menos as vozes, mas tive que valorizar que o tempo foi mais bondoso com ela. Os assuntos se perdiam em meio à falta de sintonia. O que praticamente era extensão do meu corpo, mente e coração, agora era um encontro ao desconhecido. Minha cabeça entrou em parafuso. O coração se mantia invólucro. Ele já não me pertencia. Seria preciso a dona me entregá-lo para que talvez eu pudesse o controlar.
Vento. Que você só percebe quando passa. A comparação foi inevitável. Ficou o modo de mexer nos cabelos, o jeito com que ela olhava as unhas e o sorriso meio sem graça com o canto esquerdo da boca. Graciosidades mantidas meio como por herança de uma outra pessoa.
Quando parti, me perguntaram:
- E os olhos?
Meio de ombros, respondi:
- Os olhos? Não tenho a resposta se eram os mesmos. Meu palpite? Talvez esbranquiçados e escondidos por um destino impensável, mas ainda sim poderiam ser o mesmos. Sem pestanejar, os evitei. Sabia que não eram mais a bússola da felicidade. E os olhos têm poderes que desconhecemos. Melhor negá-los. Qualquer desconforto soaria como valente, entretanto, acredito que seria inútil. Afortunadamente, eu amo outra vez.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
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2 comentários:
Puuuuta orgulho de vc, brother! =]
Parabéns pelos textos. Aproveitei a visita e add seu blog na lista de links do PavaBlog#.
Saudades, cara. Vamos marcar algo pra botar o papo em dia.
Big abraço e ótima semana.
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