quinta-feira, 24 de abril de 2008

segunda vez

Parecia um desastre. Não ficaríamos ali mais do que ínfimos quinze minutos.
Passado tempo já não encontrava motivo. Mas me sentia atraído a um resolver sincero.
Não pude faltar. Evitar, pensei. Falei comigo mesmo. Desta vez, aos outros coube esperar. Se soubessem do antes, era mandinga ao fracasso. Justificativa tola, apesar do anúncio á discórdia feito pelo próprio que aqui escreve. Contradizendo o mundo, o sorriso no balcão do bar. Recíproco. A face dela se alegra involuntária sob a luz amarela.
Falamos pois sobre as más e boas escolhas. Sobre as obras Voltairianas e Pessoais.
Sobre os dias de ontem e os que estão por vir. Degraus e abismos. Sobre as máximas e as mínimas. Sobre as telas. Coloridas e desbotadas. Perpetuadas e atrevidas. Em projeções ou exposições, vivia ali nosso encontro. A tela era nossa, fazia sentido. Não desconheci um momento sequer. Íntimo sentimento que contrário era antes de existir. Ao porquê de desconhecer situação em que nunca estive. E prever. Erradamente. Insisto em mania de prever conhecimento por onde nunca andei.
Aos amores chegamos.
SartreBeauvoirTarsilaOswaldChicoMarietaMarilynKennedyLampiãoMariaBonita.
Caberiam outros mil. Dois mil.
Estendido prazo que surpreende por si.
Não falamos de nós dois. Por vez, não caber. Explica-se por trás a razão antes negada que agora é brisa corrente. Veja, é claro. Aí a perfeição. E a vontade de amanhã.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

primavera de 85

Quase que na sombra, secretamente.
Sem ousar do orgulho nem tocar nos problemas.
Me aproximo em pensamento ao ponto de fechar meus olhos com teus sonhos.
Entre desesperos e destemperos. Minuto atrás e sem negar no adiante.
Dentro de mim, caminho efusivo aos teus encantos.
Não sei ao menos nem quando. Onde. Como e porquê.
Não me vi em vez dessa forma uma vez se quer.
Talvez exclusiva existência.
Nunca em par, fosse a escuridão.
Mas só há hora para falar de você.
Apertado som que jamais escutei. Basta sonhei. Como tua voz.
E vi oculto, linda primavera. Sonhando vou. Falando de amor.
Ou pensando em você. Tudo se confunde.
Dentro de si, caminha aos teus modos.
Sabe do pouco, talvez do nada. Sei do tanto que sobra.
Espalha-se pelas beiradas. É dadivoso escrever-te hoje.
A sombra sobre a alma e o sorriso esculpido é desejo para o infinito.
Por Deus, um dia puder concreta explicação. Caberá todas as flores.
Hoje, o desejo de você nas estrelas. Todos os dias.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

um segundo

já não era onze horas
dias como os de outrora
com fones de ouvido logo te avistei
um bilhete então eu te rabisquei

rabiscos em meus pensamentos
no meu livro, o pressentimento
busquei nos olhos pra te escrever
é o momento errado para acontecer

escrevi um souvenir
para um dia você lembrar
do cara que te fez rir
por um segundo naquele lugar

eu só tinha um segundo pra você me querer


o bilhete virtual tanto tempo depois
aos outros, mentira, mas não pra nós dois
tão improvável, mas ela lembrou
da vida de filme que sempre sonhou

coisas dos filmes que tanto assistimos
quando acontece, nós mesmos mentimos
comigo e com ela, parecia um momento
mas a vida é um filme sem cabimento

escrevi um souvenir
para um dia você lembrar
do cara que te fez rir
por um segundo naquele lugar

eu só tinha um segundo pra você me querer

segunda-feira, 7 de abril de 2008

por conta do dia

Saudade.
O dito unânime.
Corteja todos os corações por onde passa. Saber disso é um passo além.
Definir é falaciar. Coisa insólita é saudade. Singelo já mesmo na pronúncia.
Há dois lados que me consomem desde que pensei na palavra por si.
Por onde pesar?
Saudoso é ir até as lembranças. É mitigar o presente. Compromisso eternizado com o tempo.
É a resposta graciosa para o bom proveito vivido.
Sei tão bem do outro lado.
Do trazer para o hoje. Da lembrança. Bem ou mal. Vividas. Sendo sentidas. Ao tento de repartidas. Repartidas com o último instante e próximo. O presente agoniza em prece pela exatidão de outrora. Chamando de saudade.
Apenas lembrar. Viver de novo.
Diga-me o que é saudade.
A saudosa palavra tão nos ditos poetas.
Talvez saibam do direito.
De definir sua própria saudade.
Aqui só há duas moradas.
Onde cada dia revela seu prazenteiro.
Entre lembrar e querer.